terça-feira, 9 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher, Dia pela Libertação da Mulher!




Eu acho tão "indescritível" o que se passa na cabeça dessas mulheres que enchem a boca, viram para um sexo-oposto e dizem "Ah, morra de inveja! Nós temos um dia só pra gente!". Pelo amoooordi. Com tanta informação vinculada na imprensa, com internet, com TV digital, com celular com TV... tem tanta gente desconectada com a realidade! Não vou abarcar tudo que essa minha ultima afirmativa apresenta, porque fugiria do tema e existem coisas que ficam melhores discutidas separadamente. Dia Internacional da Mulher. Esse é o assunto de hoje.


Então, tenho pena e desgosto quando vejo coisas desse tipo na minha frente. Ontem mesmo, assistindo ao BBB – calma, a tese explicativa do meu interesse por esse programa virá em breve! -, a baiana que abdicou do seu cargo publico e estável (ou seja: tudo que 90% da população, iludida, procura. É, porque emprego estável é tudo que interessa.. o problema é que eles não sabem que o Estado tá com seus dias contados.. err..) de Policial Militar para participar do reality show mais baixo da TV brasileira, isso sem ter a mínima noção de quanto tempo passaria no programa, deu um exemplo claro dessa ludibriante expectativa. Foi a minha conterrânea de região que soltou a pérola mais dita no dia 08 de março no mundo inteiro: "A gente é tão chique, que tem um dia só nosso" e quando ia ser interrompida pelo colega de confinamento, riu e disse "É, eu sei que vocês vão dizer que têm todos os outros pra vocês!". Não, Maroca e mulherada restante, a questão não é essa.


Primeiramente, uma questão perceptiva: Quem (leia-se quais grupos/setores) têm um dia reservado no calendário para comemoração ou reflexão? Pensem...


- Índios, negros, homossexuais (dia do orgulho gay), mulheres...


Minorias. Minorias oprimidas. É um modo muito do fajuto de reconhecimento: olha lá, vocês são tão reconhecidos por nós como partes ativas e iguais da sociedade que até comemoramos um dia dedicado a vocês e às suas histórias de formação. Bobagem, bobagem. Não só bobagem, mas mentira. É uma manobra de enfraquecimento da classe.


O dia de ontem (já que estou escrevendo esse texto no dia 09 de março), foi um dia interessante. Passei grande parte do dia em casa, assistindo os mais variados canais da TV aberta. As menções do SUPER dia das mulheres foi instigante. A menção mais bonitinha que eu tive acesso foi a da propaganda da Marisa. Faço aqui ressalva da revirada do Oscar, onde pela primeira vez, uma mulher recebeu os dois prêmios mais almejados do mundo do cinema: Melhor direção (por um filme de Guerra) e Melhor filme. ("URUUUL! Nós mulheres estamos conquistando todos os espaços possíveis! Ok, ok!")


Sei que esse texto tá deixando muitas lacunas passiveis de discussão em branco, mas é um tema bastante abrangente.. e eu não posso perder o meu foco. Quero aqui, dedicar o Oscar da Abobrinha Máxima, com direito a três diárias no Reino do Inferno, ao Bruno, jogador do Flamengo, clube este que é presidido por uma Mulher! (Olha aii!).


Ao sair em defesa do atacante imperial e intocável do Flamengo - Adriano, o goleiro titular do atual clube campeão brasileiro e dono da maior torcida do Brasil, Bruno, deu com os burros n'agua! Mas o lado positivo é que ele conseguiu desviar os focos do ex-jogador da Internazionale de Milão e pretendido a seleção do Dunga, trazendo todos os holofotes para si! Eis as palavras sábias do dito cujo:


"Ah, quem é que é homem aqui e que nunca brigou com a mulher, nunca discutiu e nunca até saiu na mão com a mulher? Isso acontece NE? Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher."


É, meu querido. E você, sem duvidas, deveria ter mantido a sua colher fora da briga do companheiro, talvez assim, não tivesse tentado naturalizar um ato de violência previsto na lei. (Como se nós mulheres precisássemos dessa apologia toda!)


Não, não é sobre a violência contra a mulher que vou falar. Apesar disso, necessariamente, estar envolvido.


A questão aqui é a emancipação da mulher enquanto individuo social. Enquanto ser político, histórico. Enquanto SER. É a luta pela ampliação dos direitos, do mercado de trabalho, da igualdade de tratamento não por boa-vontade do patrão, do companheiro, da sociedade como um todo, mas por igualdade prevista na LEI. Ao contrário disto, temos diariamente uma luta reformista que castra cada dia mais os direitos das mulheres na incessante batalha contra o modelo de sociedade vigente, luta esta que em muito tem falhado.


Historicamente, alguns podem se atrever em dizer que "há, sempre foi assim!". Peralá! Vamos analisar esse sempre.


Na pré-história, antes da invenção da escrita, cabia a mulher o papel de administradora do lar (entende-se por administradora: a parte pratica de administrar a comida, o material trazido de fora, a segurança da casa em virtude dos animais selvagens e porque não de membros de outras organizações, além de cuidar e "treinar" as crias) e ao homem cabia a parte física: caçar. Isso quando no papel da mulher também não se garantia a caça.


Com o aparecimento da família moderna, onde tudo gira em torno da propriedade e na qual a mulher passou a ser escrava de sua condição, torna-se propriedade do homem, o responsável por sua subsistência. Anteriormente, seu pai, a quem cabia decisões acerca de tudo da sua vida. Posteriormente, muda-se o dono, que passa a ser seu marido. A mudança de "dono" dá-se a partir de uma ordem de transferência, assinada a partir de um contrato social entre as partes interessadas. Esse contrato é chamado Matrimonio, através do qual o antigo patriarca vendia o direito de posso de sua filha a outro alguém de família nobre, que garantiria a manutenção da sua condição escravista.


Não, essa não é uma resenha de um livro de época do José de Alencar. É como as coisas aconteciam e acontecem, apesar de pequenas mudanças contratuais. Isso sem lembrarmos das antigas civilizações que emudeciam suas mulheres, subjugando-as as mais duras detenções e exclusões sociais. "Amélia é que era mulher de verdade"... as gregas que o digam!! Por que ao invés de nos mirarmos no exemplo das mulheres de Atenas, não miramos no exemplo das mulheres de Esparta, que eram consideradas cidadãs, dignas de cargos políticos, muitas vezes atuando como conselheiras, participando ativamente da vida política e social de seu espaço?


Só espero que a par desses "costumes antigos" não nos iludamos de que isso não mais existe. Diversas pesquisas deixam claro o jugo que ainda persiste sobre a cabeça de nossas mulheres, filhas de Atenas: salários mais baixos, preconceito, desmoralização, péssimas condições de trabalho. E a pesquisa mais recente a qual tive acesso, disse que mesmo com a mulher trabalhando fora, ainda é responsável pela maior carga de atividades domesticas. Ou seja, o trabalho não vem sendo compartilhado. Se eu não me engano, apenas 9% dos homens são ativos nas atividades domésticas. Aqui, aproveito para citar Engels:


"... se a mulher cumpre os seus deveres domésticos no seio da família, fica excluída do trabalho social e nada pode ganhar; e, se quer tomar parte da indústria social e ganhar a sua vida de maneira independente, lhe é impossível cumprir com as obrigações domésticas. Da mesma forma que na fábrica, é isso o que acontece à mulher em todos os setores da advocacia. A família individual moderna baseia-se na escravidão doméstica, franca ou dissimulada, da mulheres, e a sociedade moderna é uma massa cujas moléculas são as famílias individuais".


Não estou aqui fazendo alusão a "troca de gênero". Em que o homem assuma as atividades outrora outorgadas às mulheres e vice-versa. Eu acredito mesmo na emancipação da mulher enquanto individuo e parte de um coletivo, na erradicação da situação imposta à mulher, que implicam no aumento das diferenças e que dão margem ao rebaixamento, a opressão e ao subjugamento de uma classe por outra.


Desde os primórdios, as mulheres buscam seus meios de revolução. Revolução para ter acesso ao seu corpo, acesso à sua imagem, ao seu cérebro, ao seu livro, às suas idéias e, principalmente, às suas escolhas.


Quando atingirmos o acesso pleno aos nossos direitos, a nossa consciência enquanto ser, enquanto classe marginalizada, seremos reconhecidas e respeitadas não enquanto mães, poetizas, escritoras ou atrizes... mas também como faxineiras, porteiras, professoras e acima de tudo e além de tudo como Mulheres.



  • Abaixo a repressão de gênero, classe, opção sexual, raça, etnia!

  • Direitos Iguais a tod@s!



Por Débora Accioly Dionisio


"A revolução conquistará a todos... inclusive o direito à poesia!" Trotsky



Um comentário:

  1. uma frase do trotsky logo dps de um curso do pstu... sei naum kkkkkkkkkkkkk

    muito bom amor!
    refletir sobre esses momentos,aproveitá-los para mostrar que naum é bem como parece é muuito importante!!

    parabéns!!

    ResponderExcluir