terça-feira, 24 de agosto de 2010

Decepção mata!

Essa coisa de "decepção não mata, ensina a viver" é pura enrolação! Claro que decepção mata. Ela mata uma parte de você que jamais voltará a ser igual!
Quem me conhece, sabe que eu "vivi" a Residência Universitária Feminina da UFPB cerca de três anos. E não houve um dia sequer nestes três anos que eu não tenha me dedicado ao que chamamos de Movimento de Casas de Estudante. Os estudos, namoros, festas... tudo podia esperar. A emergencialidade da Casa não.
Se eu me arrependo? De maneira alguma. É muito bom você poder olhar para trás e ter sua consciência tranquila de que fez tudo que pode... talvez um pouco mais do que pode.
Esta semana eu visitei o palco dos meus maiores aprendizados. Quando entrei no "prédio", revivi pessoas, momentos, lutas, lágrimas, raivas... nada se compara ao que eu senti ao entrar ali daquela forma. Não era uma visita qualquer... era uma visita de constatações!
Na ultima ocupação que fizemos, no ano passado, fizemos uma grande pauta de reivindicações estruturais urgentes. O reitor visitou a Residência e conforme ia andando, ia jogando idéias e planos "Ah, aqui ia ficar legal uma churrasqueira"... tá, sr reitor! BELEZA! Montamos o projeto junto com a Prefeitura Universitária... e lá estava a churrasqueira!! A quadra, o corrimão... a reforma da sala de tv, das salas de estudo... os armários imbutidos nos quartos! E o melhor? Lá estava a reforma dos 5 quartos que tinhamos perdido para a Prefeitura. Eram nossos! Eram mais 40 vagas sendo retomadas... e foi impossível não chorar. Foi impossível não sentir um pouco de orgulho! De alegria... de constatação de que vale a pena! De que o movimento estudantil, apesar de ser ingrato, tem frutos concretos! Paupáveis.
Aquilo que eu estava vendo... era um pouco de mim. Meu sangue estará naquelas paredes para sempre.
Mas não foi isso que me marcou. Foi a sensação de que talvez o verdadeiro papel que eu deveria ter cumprido não passou nem perto... as paredes, telhas e vidraças foram trocadas. E a consciência das pessoas em nenhum momento foi ganha. As residentes que ficaram e constroem o futuro das que virão, hoje são pessoas egoistas, mesquinhas, corrompidas pela mediocridade.
Não é exagero... e nem cabem aqui exemplificações. A decepção que eu senti pela lacuna política não preenchida, me fez odiar a reforma estrutural, mas me fez pensar muito acerca do que é realmente o Movimento de Casas.
Hoje, ele é um movimento que busca isso mesmo: reformas e condições estruturais, de melhoria. E em cada 10 pessoas, 2 são politizadas porque participam de algum tipo de organização, de movimento, etc. Foi o que eu disse um dia ao reitor: "Sr reitor, o problema é que a gente perde tanto tempo administrando a casa, que não tem tempo de fazer movimento político!".
Mas isso não é desculpa, gente! Ou é... e só nós é que não sabemos utiliza-la.

2 comentários:

  1. Caramba flor estou com essa mesma preocupação em Belém ..ai..ai.
    Mas acredito que além dos ganhos estruturais agente possa ter grandes ganhos políticos.
    Espero.

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  2. -
    Oii minha flôr
    Adorei o texto parece que tô te vendo falando tudo isso ^^,
    Seguiindo aqui.
    bjão

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