Quem diria que a Instituição que determinaria os rumos das eleições presidenciáveis seria a Igreja. Isso mesmo.
A Igreja determinou as regras, as mudanças, os resultados e o pior: o discurso. Levantando uma onda conservadora que viria a ser uma tsunami eleitoral, os membros e as autoridades das Igrejas conseguiram colocar como ordem do dia pautas simplistas, sectárias e anormais.
Que Serra seguisse o viés imposto pela maior detentora ideológica de todos os tempos, era de se esperar. Mas que a nossa "Dilminha paz e amor" seguisse o barco, foi humilhante.
"E eu vos declaro que a partir de agora, só serão bons candidatos os que declararem em público sua fé em Deus e que abomine o aborto". Meu irmão! isso não é o mais bizarro! Isso é compreensível!
Os dogmas das Igrejas não permitiriam o voto em uma candidata que "apoie o aborto", o que é uma grande diferença de se ter uma candidata que discuta a DESCRIMINALIZAÇÃO do aborto.
A questão não é ser ou não ser a favor da prática e sim ter a consciência e a clareza do que a criminalização desta traz para nossas mulheres. Não é porque o aborto é proibido por lei que as pessoas deixam de fazer! Pelo contrário!
O que acaba acontecendo é que, por não ser uma questão de saúde pública bancada pelo Estado, muitas mulheres (de origem popular, em especial) procurem métodos disponíveis $$ para realizar a operação.
E quem pode condenar uma mulher que não se acha preparada para ser mãe?Ou que engravidou do padastro, do pai, do tio, de um estuprador? Que fique claro: Eu sou contra o aborto! Mas sou contra a criminalização do direito de escolha sobre o corpo de cada uma.
E a nossa sociedade perdeu uma excelente oportunidade para discutir uma questão crucial. Gente, até a Marina que é de fato a unica religiosa "em destaque" não falou uma barbaridade dessa!
Ela defendeu o plebiscito! Se é tão importante para o presidente do Brasil que ele seja cristão devoto e contrário ao aborto, porque não votamos nos Pastores candidatos? "Ey Ey Eymael... o democrata cristão"! ...
Esse jogo de hipocrisias, essa feira de vaidades mentirosas e pequenas me enojou. Mostrou que apesar de elegermos ou não uma mulher para presidente, isso de nada vai alterar o quadro asqueroso da nossa política.
