terça-feira, 22 de junho de 2010

De frio pra morno...



Quem acompanhou o jogo do Brasil? \o/

Então, eu quase perdi. Estava tudo certo: eu e meu querido maridinho assistiriamos no mesmo palco do jogo anterior (será supertição?), mas um imprevisto aconteceu: Amor demais!

Isso mesmo. AMOR!

Não, o amor não quis que eu não visse o jogo... a gente só resolveu "se ver" antes do jogo! :P

Fomos deitar um pouquinho... acabou sendo um poucão e um pouquinho de sono pós-amor porque ninguém é de ferro!

Acordei com um despertador diferente: Galvão Bueno "Bem amigos da rede globo faltam 5 minutos..." Como assim 5 minutos?

- Amor?
- Oi...
- Vai começar o jogo
- Certo

Cri Cri Cri..

Levantei. Resolvemos - eu e o altherego dele sonâmbulo - que ficariamos em casa, assistindo com minha mãe e um caldinho de peixe maravilhoso. Bem... ficariamos quem? Ele? Assistiu o jogo da cama. Pelo menos o primeiro tempo completo! Eu paguei pela boca do ultimo texto! Assisti como homem - prestando atenção, tentando fazer comentários pertinentes - enquanto minha mãe enlouquecida gritava aos 2 minutos de jogo, depois de uma jogada quase bem sucedida do Robinho: Filho da puta fominho! Por isso que o Brasil não vai pra frente! ... Off.

O jogo me instigou. Não porque o Brasil estava maravilhoso, mas porque eu comecei a entender mais da seleção amarelinha. É uma seleção estável, estrategista. Não tem nenhum grande jogador mas todos se cobrem. Todos assim, né?

O legal pra mim foi o primeiro tempo... quem esperava que a Costa do Marfim jogasse como jogou com Portugal - toda fechadinha - se surpreendeu com uma pressão iminente que impossibilitou que nossos queridos jogadores se aproximassem muito. e comento o que eu ouvi do Casagrande que eu gostei:

"O treinador da Costa do Marfim é um telespectador de futebol! Ele sabe que o Brasil joga mais pelas laterais, então tá fechando. Assim, tá forçando que o Brasil venha pelo meio e eles barram. O Bom é que ta chamando o Kaká pro jogo".

Feito! Kaká apareceu! E como né? Na hora que era pra ter desaparecido ficou no Campo! Pelo amordideus né Dunga? Ao invés de ficar chamando o juiz de burro e ladrão, tira o principe de campo! Não é só pela suspensão.. mas vai que ele levava um pau e saia machucado? Por 1 jogo da pra passar sem ele.. mas por mais? Hum hum... Dá zero pro dunga! ;)

Meus cumprimentos ao Sr papai do dia! Luis Fabiano parou de chutar pra fora e de me fazer sentir falta do Imperador. Bom jogador.

No final das contas, acabou o jogo e eu me senti satisfeita. Ambiguamente falando.

Até mais! ;)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Mulher e Futebol: uma batida (quase) perfeita!


Quem disse que mulher não entende de futebol?

Local: Residência Universitária Feminina
Evento: Estréia do Brasil na Copa
Presentes: + de 20
Homens: 03.

A terça era chuvosa e os amarelinhos tomaram as ruas. Um destaque vermelho no meio do mar verde e amarelo: meu irmão. É, ele ia torcer pra Coréia!

Chegamos na Residência e nos deparamos com o cenário engraçado: TV LCD 32’ no centro do Espaço das Assembléias e muitas cadeiras preenchidas por meninas pintadas de “HEXA”, “BRASIL”... Além de 1 litro de Red Label na mesa – só pra chamar atenção! Apitos foram distribuídos, a bagunça tava feita! Meu marido e meu irmão logo se esconderam num cantinho fora da roda – coisa que o noivo de Mary não teve coragem de fazer – para torcer no seu próprio silêncio.

Quem já viu mulher torcer, sabe que é tudo que o homem menos quer num jogo importante – muita gritaria, muitas perguntas, muitas pessoas metidas à técnicas! Eis a diferença entre a torcida feminina e masculina:

Homens: Nossa, o Kaká não ta jogando nada! Tem que substituir.
Mulheres: Meu Deus, olha como ele é lindo!

Homens: Caralho, foi falta! [câmera lenta da Globo....]
Mulheres: Meu Deus! Que pernas....

Homens: Foi boa a substituição do Kaká pelo Nilmar.
Mulheres: Ah, ele é bonito também! Foi boa a substituição.

Homens: Não ta jogando nada!
Mulheres: Preferi o jogo de Portugal, o Cristiano Ronaldo é muito lindo! Queria fazer uma seleção com ele, Beckhan, etc, etc, etc....

Na hora do GOL:

Homens: Golaço!
Mulheres: %$#$#$¨$!@@#!#!#@% (impossível transcrever).

“Todo mundo é Robinho”
Não, isso não é um elogio! Não é que eu queira que todos joguem como o pequeno menino da Vila Belmiro, o problema foi quando o Michel Bastos estava indo, entrando na área e a aclamada torcida feminina gritava em uníssono: Vai Robinho, vai Robinho! Chuta seu FPD**!

Quando a bola sai: Ah, não é o Robinho.

A partir de então, todos viraram Robinhos.

Outro fato curiosíssimo. Torcemos para ter Gol da Coréia. Sabe pra que? Pro Júlio César aparecer! Ah, coitado.. quase não apareceu e ele estava na seleção acima escalada. tsts.

Não se pode dizer que mulher não entende de futebol. Em um determinado momento, conversando com uma amiga, eu disse: Rapaz, só to vendo esse Maicon no jogo! E não é que depois ele tava entre os 3 melhores da partida? Tsc. Tsc.

O mais divertido além de comentários técnicos femininos, de comparações físicas entre os jogadores e a raiva do jogo morno do Brasil, foi ver os homens CALADOS. Se sentiram oprimidos na presença da massa feminina. Com uma exceção: Quando o gol da Coréia saiu, meu irmão não conseguiu se controlar.

CENA DE FILME


Ele: GGOOOLL!
Todo mundo olha pra ele.

Cri.. Cri... Cri...


CORTA!

Então, a diversão foi contagiante! Apesar da decepção de quem esperava uma goleada, de quem não quer saber se o time jogou com estratégia, que o Dunga quis mostrar que com 3 atacantes o time leva gol, que, que, que... a gente só queria uma coisa: Gritar GOL! Acreditar no HEXA de novo, não sentir que não valeu a pena comprar uma vuvuzela imitação... rsrsrsrs. Se cumpriu seu papel? Isso vocês críticos de futebol que tem que responder. Eu? Como telespectadora, como amante do BELO futebol, com dribles, pedalos, bicicletas, motos, faltas... digo que dava pra ser mais! E olha que eu nem me considero melhor do que o Dunga como o Falcão ou o Galvão Bueno.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Nem mulher de malandro, nem patricinha...


NEM MULHER DE MALANDRO,
NEM PATRICINHA,
NENHUMA MULHER QUER SER ROTULADA OU CHUTADA!

Lucia Irene Reali Lemos*

Como na música, “todo dia a cidade vem e nos desafia...” e é assim mesmo, todos os dias somos provocadas em nossa dignidade e não é de hoje as lutas dos movimentos e das organizações ligadas ao combate da violência contra as mulheres. Constantemente enfrentamos “ferrenhas” batalhas contra as campanhas publicitárias que utilizam a imagem da mulher em seus produtos e as oferecem como objeto de consumo. A coisificação tá escancarada e o desrespeito cada vez maior.

Esta semana fomos surpreendidas com a deplorável declaração de um desportista, jogador de futebol da Seleção Brasileira, Felipe Melo, ao falar sobre a sua insatisfação com a Jabulani, a bola oficial da Copa do Mundo: "A outra bola é igual a mulher de malandro: você chuta e ela continua ali. Essa de agora é igual a uma patricinha, que não quer ser chutada de jeito nenhum". O que nos leva a várias interpretações podendo entender que tanto a “mulher de malandro”, como “a patricinha”, (sem contar a ofensa dos rótulos) mesmo as duas não querendo, serão vítimas de violência, a diferença é que uma é agredida e se cala e a outra mesmo resistindo e reclamando será agredida também.

O fato é: a famigerada declaração vem carregada de machismo e nas entrelinhas revela a cultura de violência “velada” que existe no “mundo das personalidades” (o que não é nenhuma novidade pra nós), nos levando a uma reflexão sobre a postura do referido e o quanto isso nos transtorna.

Por ironia do destino, esta é a declaração de um homem que leva a imagem do Brasil gravada em suas vestimentas e em nossas bandeiras (sua atitude, retrata o triste perfil da violência contra as mulheres brasileiras) e foi feita na África do Sul, coincidentemente no país cujo Presidente da Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano, Julius Malema, foi levado ao tribunal por empregar um discurso baseado no ódio contra as mulheres. País que segundo estudo efetuado em 2009 pelo Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul revelou que um em cada quatro homens entrevistados admitiu ter violentado uma mulher, o índice mais elevado de todo o mundo.

Ora, ora, o referido foi “infeliz” na sua declaração e talvez desconheça o peso de ser mulher em um país cujo continente quase que na sua totalidade é marcado pela desigualdade, pelo machismo e pela violência.

Pesquisas apontam que a África do Sul possui altos índices de violência sexual – cerca de 150 mulheres são violadas diariamente, segundo os dados do Instituto Sul-Africano para Relações Raciais. Sem contar que é muito comum o estupro coletivo (1/4 dos casos envolve mais de um abusador). A estimativa é de que ocorra um abuso sexual a cada 26 segundos. Segundo a Simelela, ONG criada em 2003 para dar apoio às vítimas de abuso sexual na área que abriga entre um milhão e dois milhões de pessoas, 41% das mulheres que sofrem violação têm menos de 14 anos. Só na região da Cidade do Cabo, cerca de 10% deles admitiram ter feito com jovens menores de 10 anos De acordo com os registros da organização, a vítima mais nova tinha um ano, e a mais velha, 76.

Um Continente onde os papéis de gênero são radicalmente definidos e impostos; onde a masculinidade é associada a perversidade, a honra ou domínio sobre as mulheres; onde a punição de mulheres e crianças é aceita; onde a violência é o padrão para resolver conflitos, onde as mulheres são consideradas seres inferiores, como em Serra Leoa que, em tempo de guerra civil, faz com que as tropas rebeldes cometam a barbárie de forçar as mulheres à escravidão sexual. Em Uganda, onde a lei reconhece ao homem o direito de bater na mulher. Onde é praticada a mutilação genital em meninas consistindo na extirpação parcial ou total dos órgãos genitais, práticas estas, comuns em 28 países africanos. Onde é “cultural” os casamentos precoces das meninas na média com 11 anos de idade, o que limita a estas meninas qualquer oportunidade de ter uma vida normal de uma criança com direitos de criança.
" Nós pedimos com insistência: nunca digam "isso é natural". Diante dos acontecimentos de cada dia. Numa época em que reina a confusão. Em que corre sangue. Em que se ordena a desordem.Em que o arbítrio tem forças de lei. Em que a humanidade se desumaniza. Nunca digam: "isso é natural". Estranhem o que não for estranho.Tomem por inexplicável o habitual. Sintam-se perplexos ante o cotidiano.Tratem de achar um remédio para o abuso. mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra. Desconfie do mais trivial, na aparência singelo. Examine o que parece habitual.Suplicamos expressamente: não aceite. O que é de habito, como coisa natural.Pois em tempo da desordem sangrenta. De confusão organizada.De arbitrariedade consciente.De humanidade desumanizada, nada deve parecer natural. Nada deve parecer impossível de mudar. (Bertold Brecht)

Lamentavelmente, várias culturas ainda aceitam, aprovam ou mesmo justificam as diversas atrocidades que são cometidas contra as mulheres, sendo essas atitudes, fruto da desigualdade estrutural e de normas de conduta distorcidas e rígidas a respeito dos diferenciados papéis que homens e mulheres devem desempenhar na sociedade. É urgente que busquemos cada vez mais ações para se banir as crenças da superioridade masculina onde a idéia de virilidade está associada a dominação e a de feminilidade se vincula a imagem preconcebida de submissão, se assim não agirmos estaremos fundamentando e consolidando relações violentas de gênero.

Como não nos indignarmos Felipe Melo? Quando você reproduz um discurso machista-sexista brasileiro, mas que não é diferente dos discursos do resto do mundo. A violência contra as mulheres e crianças ocorre em todos os países, em todos os grupos sociais, culturais, religiosos e econômicos, ou seja, a violência contra a mulher não respeita fronteiras geográficas, nem classe social, raça, religião ou idade.

Mudar o comportamento e as atitudes das pessoas exige um compromisso permanente de conscientização e de denuncia em relação à violência contra as mulheres e a todas as formas de opressão, pois se configuram em violação explícita dos direitos humanos e estas são inaceitáveis.

É Felipe, infelizmente VOCÊ PISOU NA JABULANI
E MARCOU GOL CONTRA
RESPEITO É BOM e TODAS NÓS O EXIGIMOS!

Lucia Irene Reali Lemos, acadêmica de Administração Legislativa, assessora parlamentar e integrante do Coletivo Estadual de Mulheres do PT do Rio Grande do Sul.