segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

pós-modernismo-pré




Quem nunca ouviu a música de aviões "Pega e não se apega" que atire a primeira pedra!

É, foi o que eu imaginei. Não, não é aviões o problema.. não, muito menos o forró. O que tem pesado pra mim é que as letras das bandas de forró/afins tem refletido verdadeiros manuais de instruções para a nova geração do 'moderninho'. Pelo menos é assim que prefiro pensar...

Vamos a letra!
"Deu mole na balada, eu vou pegar geral!
Virou mania beijar e tchau tchau! A onda é beijar e tchau tchau"...

Ok, ok! Quem nunca foi a uma balada e pegou geral que atire a segunda pedra. Não, não tenho problemas com baladas, beijos sem compromisso e noites de amnésia instantânea. Não, lembrar o nome do carinha não é problema... já ele não lembrar o seu... é motivo suficiente pra uma crise existencial na frente do espelho e das amigas.
É... eu pretendo analisar a coisa por gênero. Vamos a minha ala: a esquerda, a tecnicamente mais perto do coração, das emoções.. Mujeres! "Sim, você, mulher.. que passa batom para esconder uma dor!"

Voltando a frente do espelho. A minha geração (uau! achava isso tãããão cafona quando era falado pelos mais velhos.. e eu me lembro de inclusive pensar: meu deus! as coisas evoluem.. porque ele não para de saudosismo.. a fase dele já passou! É.. quem foi mesmo que morreu pela boca?), a dos anos 80/90 inaugurou um jeito novo de envolvimento. As tv's, radios e programas teen se enchiam da giria "Ficar", todo mundo queria entender o danado do ficar! "É namorar? Não? Mas beija na boca? Ahh.. então é namoro! Não? E qual é a diferença? Ah.. não tem compromisso".
Quem nunca definiu FICAR para alguem como: é que nem namorar, mas não tem compromisso... que atire a terceira pedra. É, aplaudam a geração do pega e não se apega! Na minha época... minissaia só depois de casada, gritar com o pai dava castigo, assistir tv sem almoçar? fora de cogitação! É... e o primeiro beijo era especial e dava cãimbras. Não, não tô dizendo que isso ainda não exista...

Hoje, a menina de minissaia é a sua irmã mais nova, que nunca ganhou de presente do dia das crianças (isso ainda existe? antes, presente fora de data só se passasse com 10! uma barbie noiva ou uma boneca que chora. O primeiro presente que ela lembra foi um mp4 ou um celular ultima geração. A mesma menina que nunca brincou de boneca é aquela que acha que ter filho "só se tiver muita condição financeira.. e mesmo assim, não vou encontrar um cara bacana". Que exemplo de bacana se passa na cabeça dessa ... ?

Não, o problema não tá na diferenciação de uma juventude pra outra. O problema aqui, ao meu ver, saliento, é a ilusão criada por essa nova juventude que se acha auto-suficiente. Acha que não precisa de conselhos, pois cada um tem direito às suas escolhas (concordo, mas pra que mais serviriam as conversas da mesa do domingo?). Acha também que antigamente homem não podia chorar, hoje é motivo de orgulho se conseguir fazê-lo chorar. O sexo forte virou forte sexo. A mulher conquistou independência em muitos aspectos: voto, fala, direito, corpo. E esse ultimo engana bastante a nossa geraçao top model. A nova tomada de consciência da propriedade do seu corpo - que antes era propriedade de outrem - subiu de forma euforica a mente de algumas mujeres. Ter a soberania do seu corpo é sinônimo de fazer tudo aquilo que sempre desprezaram num homem. Liberdade confunde-se com libertinagem e mulher que não trai é chifruda! Mulher que não é rapariga na cama que é de outra tá por fora.

O garoto que perdia a virgindade num cabaré com o pai está em extinção. O amor platonico a uma atriz famosa pendurada na porta do quarto, também. Desde cedo, o homenzinho é criado pra isso: "segurem suas filhas que meu filho está a solta!" É. Foram criados e programados para serem um caçador ambulante. E exercem bem seu papel, de certa forma. Só que agora, além dos bonitões, inteligentes e esquerdistas, eles tem que disputar território com um outro fenótipo: as mulheres. É! Elas não querem mais compromisso duradouro, a não ser quando lhes for conveniente. Namorar pegando na mão é bonitinho.. mas não fique doente e a deixe ir para a festa com as amigas. Essas são as perigosas! Mulheres que não estão comprometidas tendem, necessariamente, a agorarem o relacionamento da outra. Inveja? Sim! Despeito? ô!!! A pergunta que ronda-lhes a cabeça é: se ela, que é chata, feia, gorda tá com alguém... por que eu não?! E eu temo que essa pergunte frequente todas as cabeças femininas. Sim, inclusive da sua melhor amiga. Mulheres, agora é só pra vocês... Quem nunca imaginou porque estava solteira se era tão/ou mis interessante que sua amiga.. atire a quarta pedra!.....

O problema da pós modernidade que invadiu nossas casas, nossos almoços de domingo, nossas cartas de amizade, de amor, nossos suspiros por festas de 1 vez ao ano, é que ela é destrutiva até o ponto em que você se perceba dentro dela. O problema da juventude não é o outro não querer compromisso! É você não ter compromisso com você mesmo. É transar na primeira noite, torcer para receber uma ligação... não receber e ter coragem de dizer "Ah! Eu tb não queria me amarrar", quando tudo que vc mais quer é que alguém dê um basta nessa sua vida de agonias e alforrias. O problema é quando o prazer leviano suga seu sentimentalismo e você passa a usar e abusar das pessoas, como um dia, abusaram de você pela primeira vez. O problema é normalizar xingamentos, empurrões, assassinato de uma identidade propria em virtude de um contexto social.

Não, você não quer dizer pra ele 'que acabou o amor, mas é que na balada, quem pegar, pegou!'. E você também não quer dizer pra ela 'pega e não se apega!'. No fundo, você tem medo de pegar e se apegar. E se não tem, deveria ter. Porque um dia, você não vai ser mais jovem, atraente ou vai ter tudo no lugar. Um dia, você vai chegar em casa, exaust@. Vai olhar para os lados e ver garrafas de tequila, vodka... uma agenda de telefone repleta de numeros de pessoas que você nem lembra! E você vai ligar... e para o seu desespero... ninguém vai atender.

~~ em breve: conexão entre a geração do pega e Oscar Wilde.